
Uma dor de cabeça repentina, um mal-estar que insiste em voltar ou aquela gripe que atrapalha o dia. Para muitos, o primeiro impulso é procurar no armário o remédio “de sempre”, aquele que parece resolver tudo. É assim que começa a automedicação — uma prática que, mesmo comum, esconde riscos silenciosos.
O que parece um gesto simples e prático, feito em nome da pressa ou da economia, pode se transformar em um problema maior.
Ao tomar medicamentos por conta própria, você pode mascarar sintomas, atrasar diagnósticos e até agravar doenças que exigem avaliação médica. Entenda por que a automedicação pode trazer mais problemas que benefícios para você:
A automedicação é o ato de tomar remédios para tratar um sintoma ou doença por conta própria, muitas vezes baseada em experiências anteriores, dicas de amigos ou informações na internet.
Esse comportamento é mais comum do que se imagina. Muitas vezes, ele nasce da repetição: tomar o mesmo remédio que “funcionou da última vez” ou seguir uma recomendação de alguém próximo.
O problema é que cada organismo reage de forma diferente, e a ausência de orientação médica ou farmacêutica deixa brechas para interações perigosas, reações adversas e diagnósticos adiados.
Muitas pessoas recorrem à automedicação para aliviar rapidamente sintomas que atrapalham a rotina — uma dor, uma febre, uma insônia — acreditando que estão apenas “resolvendo o problema”.
A cultura de confiar em conselhos informais, seja de familiares, vizinhos ou influenciadores digitais, reforça a ideia de que “se funcionou para um, funcionará para todos”. Essa crença, somada à facilidade de encontrar medicamentos em farmácias, cria um cenário em que o cuidado profissional é substituído pela tentativa e erro.
O aspecto econômico também tem peso importante. A percepção de que ir ao médico custa mais do que comprar um remédio direto no balcão faz com que a automedicação pareça uma solução rápida e acessível.
Existem 6 riscos da automedicação que você deve saber:
Esses riscos da automedicação não aparecem de uma hora para outra — eles se acumulam aos poucos.
As consequências da automedicação variam conforme o medicamento, a dosagem e o tempo de uso, mas todas compartilham um ponto em comum: o impacto direto na saúde a curto e longo prazo.
Remédios aparentemente inofensivos, como analgésicos e anti-inflamatórios, podem causar gastrite, insuficiência renal e hepatite medicamentosa quando usados sem acompanhamento.
Em outros casos, o uso prolongado de medicamentos ansiolíticos ou para dormir leva à dependência química, tornando o organismo cada vez mais resistente às doses habituais.
Existem alguns medicamentos que são mais comuns do uso por conta própria:
Entre os remédios mais recorrentes na automedicação, você encontra os analgésicos, anti-inflamatórios, antibióticos sem prescrição e até mesmo vitaminas e fitoterápicos.
No caso dos analgésicos, eles representam uma das principais escolhas para tratar sintomas do dia a dia, como dores de cabeça, cólicas ou tensões musculares. Já os anti-inflamatórios, muitas vezes tomados para aliviar febres ou dores articulares, exigem cuidado ainda maior.
Os antibióticos, mesmo com venda controlada, ainda são usados de forma inadequada por quem guarda sobras de tratamentos antigos. Essa prática favorece a resistência bacteriana, tornando infecções comuns mais difíceis de tratar e comprometendo a eficácia dos medicamentos no futuro.
Até mesmo produtos considerados naturais, como fitoterápicos e suplementos vitamínicos, entram nessa lista. Embora carreguem a ideia de segurança, podem interagir com outros medicamentos e alterar seus efeitos.
A automedicação responsável ocorre quando o uso de medicamentos segue as orientações de um profissional da saúde, mesmo em situações leves e controladas.
É o caso, por exemplo, do uso pontual de analgésicos de venda livre para aliviar sintomas já avaliados e sem risco. Nessa prática, há conhecimento sobre o tempo de uso, possíveis reações e quando interromper o tratamento.
Por outro lado, a automedicação perigosa é aquela feita sem acompanhamento, com base em experiências alheias, propagandas ou informações da internet. Ela ignora o histórico de saúde da pessoa, as condições atuais e as interações medicamentosas, abrindo espaço para erros de dosagem e uso inadequado.
Evitar a automedicação começa com a conscientização. Sempre que surgir um sintoma persistente, o ideal é buscar avaliação médica em vez de optar por soluções rápidas.
Você também pode manter um registro dos medicamentos usados, seguir corretamente o tempo de tratamento e evitar repetir receitas antigas são atitudes que fortalecem a responsabilidade na saúde. Além disso, respeitar a orientação do farmacêutico sobre posologia e possíveis interações reduz o risco de reações adversas.
O médico e o farmacêutico são figuras centrais na construção do uso consciente de medicamentos.
Enquanto o médico é quem identifica as causas reais dos sintomas e define o tratamento adequado, o farmacêutico, atua na orientação sobre o uso correto, interações, armazenamento e possíveis efeitos adversos.
A automedicação pode parecer uma saída prática, mas é um caminho repleto de riscos. O problema não está apenas em tomar um remédio sem prescrição, mas em desconhecer o que isso pode causar ao corpo — de efeitos leves e passageiros até intoxicações graves e falhas no tratamento de doenças.
Lembre-se: o alívio momentâneo não substitui o diagnóstico correto, e a orientação médica e farmacêutica é a base para uma recuperação segura e duradoura.
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A Sara preparou uma FAQ para você, confira 7 perguntas e respostas sobre automedicação:
Os principais riscos incluem intoxicação, reações alérgicas, interações entre medicamentos, agravamento de doenças, resistência bacteriana, dependência química e falhas no tratamento.
As doenças mais associadas ao uso indevido de remédios incluem gastrite medicamentosa, insuficiência renal, hepatite tóxica, dependência química e intoxicações diversas. Além disso, a automedicação pode mascarar condições sérias, como infecções ou doenças cardíacas.
Entre as principais consequências da automedicação estão reações adversas, sobrecarga no fígado e nos rins, resistência bacteriana e agravamento de doenças.
O uso excessivo de medicamentos pode causar intoxicação, lesões no fígado e nos rins e até crises cardíacas, dependendo da substância ingerida. Em casos graves, o excesso pode ser fatal, especialmente quando envolve combinações de remédios sem prescrição.
O Brasil está entre os países com maior índice de automedicação no mundo, segundo dados da Unimed e da OMS.
O cenário da automedicação no Brasil é preocupante e reforça a necessidade de ampliar o debate sobre o uso consciente de medicamentos. De acordo com levantamento da Agência Brasil, cerca de 20 mil pessoas morrem todos os anos no país em decorrência direta do uso incorreto de remédios. O dado, além de alarmante, mostra como a prática se tornou parte do cotidiano de muitos brasileiros, muitas vezes sem que se perceba o tamanho dos riscos envolvidos.
A Universidade Federal da Paraíba (UFPB) aponta que mais de 30% das internações hospitalares têm relação com o uso inadequado de medicamentos — seja por dosagens erradas, interações entre fármacos ou tempo prolongado de uso sem supervisão. Esses números indicam que a automedicação não é apenas um comportamento pontual, mas um hábito arraigado que sobrecarrega o sistema de saúde e amplia o risco de intoxicações graves.
Um estudo do Jornal da USP reforça essa percepção: 90% dos brasileiros admitem recorrer à automedicação, e 77% utilizam medicamentos isentos de prescrição, acreditando serem inofensivos. Essa falsa sensação de segurança, somada ao fácil acesso a remédios em farmácias e mercados, faz com que muitas pessoas tratem sintomas sem compreender suas causas, atrasando diagnósticos e agravando quadros clínicos.
Para o Senado Federal, a automedicação figura entre as principais causas evitáveis de intoxicação no país. Já a Unimed Brasil alerta que a prática também provoca impactos econômicos relevantes, tanto para o sistema público de saúde quanto para o orçamento familiar, uma vez que o tratamento de reações adversas pode exigir internações prolongadas.
Esses dados reforçam um ponto essencial: automedicar-se não é sinônimo de autocuidado. É preciso reconhecer que orientação médica e farmacêutica é o caminho mais seguro para preservar a saúde e evitar as consequências da automedicação, que, como mostram as estatísticas, vão muito além de um simples erro de dosagem.