O cérebro humano é uma das estruturas mais sofisticadas e misteriosas da natureza. Sua complexidade permite desde as funções mais básicas, como respirar e conversar, até as mais avançadas, como criar obras de arte e desenvolver tecnologia.
Dentro desse universo de estruturas cerebrais, o hipocampo se destaca por sua importância no processamento da memória, da aprendizagem e na regulação do comportamento.
Mas onde fica o hipocampo? Qual é sua função no nosso dia a dia? E o que acontece se ele for afetado? É isso que você vai descobrir neste artigo.
O hipocampo fica na parte interna do lobo temporal medial de cada hemisfério cerebral, próximo ao centro do cérebro. Para ficar mais fácil, essa região está localizada acima de cada orelha, a mais ou menos 4 centímetros em direção ao centro da cabeça.
Ele tem uma forma alongada e curvada, que lembra a de um cavalo-marinho. Inclusive, é daí que vem seu nome: hipocampo é a junção do grego “hippos” (cavalo) e “kampos” (monstro marinho).
Embora pequeno, essa estrutura tem papel de destaque no sistema límbico, o conjunto de estruturas cerebrais ligadas às emoções, ao comportamento e à memória.
A principal função do hipocampo é a formação de memórias e a navegação espacial. Ele atua como uma espécie de centro de organização e armazenamento inicial de informações, que depois são transferidas para outras regiões do cérebro para memória de longo prazo. Ele também é responsável pela navegação espacial, permitindo que as pessoas se orientem em ambientes novos ou conhecidos.
Isso porque a região está diretamente envolvida no mapeamento do espaço físico ao redor, sendo essencial para promover o senso de localização e direção.
Além disso, o hipocampo ajuda a contextualizar experiências: ele nos permite compreender eventos com base em experiências anteriores, algo que tem relação direta com a memória. Isso influencia diretamente nossas reações emocionais, nossa tomada de decisões e até mesmo a capacidade de resolver problemas com base em memórias passadas.
O hipocampo é uma peça-chave no armazenamento de memórias, especialmente as de caráter declarativo. Essas memórias incluem informações que conseguimos verbalizar, como datas importantes, nomes, lugares e acontecimentos pessoais. Um exemplo claro de memória declarativa é lembrar o dia do seu aniversário.
Esse processo envolve a consolidação da memória: o hipocampo atua como uma central de triagem que decide quais memórias devem ser armazenadas a longo prazo no córtex cerebral. Sem ele, essa consolidação não ocorre de forma eficaz, e novas informações simplesmente “desaparecem”.
O hipocampo pode sofrer alterações estruturais e funcionais devido a uma variedade de fatores.
Um dos mais relevantes é o estresse crônico. Altos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, têm efeito tóxico sobre os neurônios da região, levando a uma redução de seu volume. Pessoas expostas a situações prolongadas de estresse emocional, como ambientes de trabalho tensos ou traumas pessoais, estão mais propensas a encarar essa redução.
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Outros fatores que podem afetar o hipocampo incluem:
A boa notícia é que a plasticidade do hipocampo permite que, em alguns casos, os danos sejam amenizados, principalmente quando esses fatores são detectados precocemente. Por isso, entender suas possíveis alterações é crucial para a prevenção de doenças cognitivas.
Alterações no hipocampo estão relacionadas a diversos transtornos neurológicos e psiquiátricos.
Uma das condições mais associadas é a epilepsia do lobo temporal, na qual o hipocampo pode ser o foco das descargas elétricas anormais que causam convulsões. Nesses casos, o paciente pode ter episódios de perda de consciência e distorções da memória.
Outras doenças, como esquizofrenia, causam alterações na morfologia do hipocampo, o que pode explicar sintomas como desorganização do pensamento e comprometimento da memória de trabalho. Já em casos de depressão prolongada, há frequentemente um encolhimento dessa região cerebral, associado à dificuldade de concentração e aprendizado.
Uma das conexões mais estudadas é entre o hipocampo e a doença de Alzheimer. Essa doença neurodegenerativa afeta inicialmente essa região do cérebro, o que explica por que um dos primeiros sintomas do declínio cognitivo é a perda de memória recente.
O acúmulo de proteínas beta-amiloide e tau no cérebro provoca inflamação e morte de neurônios, afetando principalmente o hipocampo nas fases iniciais. Com o tempo, outras áreas também são comprometidas, levando a um declínio geral das capacidades cognitivas.
A longo prazo, o resultado é a perda de memória a curto prazo, mas também a longo prazo, já que outras regiões do órgão também são comprometidas.
Ter um hipocampo reduzido ou atrofiado indica perda de volume ou funcionalidade dessa região cerebral. Isso pode ocorrer de forma natural com o envelhecimento, mas também pode ser resultado de fatores patológicos, como doenças, ou do próprio metabolismo.
Essa condição está diretamente relacionada a prejuízos na formação de novas memórias, perda de referências espaciais e até alterações comportamentais.
O hipocampo atrofiado também pode indicar o início de quadros de demência, como o Alzheimer, ou ser uma consequência de episódios depressivos recorrentes.
Uma das descobertas mais animadoras da neurociência é a constatação de que o hipocampo tem a capacidade de regenerar células nervosas ao longo da vida adulta, um processo chamado neurogênese. Isso está relacionado à neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se reorganizar e adaptar, mesmo diante dos danos.
Fatores que promovem a neuroplasticidade e a saúde do hipocampo incluem:
Adotar esses hábitos de vida é uma forma eficaz de proteger e fortalecer o hipocampo, melhorando o desempenho cognitivo e emocional.
Esquecimentos frequentes (principalmente de informações recentes), dificuldade para aprender coisas novas, desorientação em ambientes conhecidos, problemas de linguagem e mudanças de comportamento podem ser sinais de disfunção no hipocampo.
Embora alguns lapsos de memória sejam comuns com a idade, é importante diferenciar o que é normal do que pode indicar um problema neurológico.
Se esses sintomas começarem a afetar a rotina ou a qualidade de vida, é fundamental procurar orientação médica. O neurologista é o especialista indicado para avaliar essas questões.
Como você deve ter reparado, o hipocampo é uma estrutura central no cérebro humano, essencial para a formação de memórias, aprendizagem e regulação do comportamento. Sua localização no lobo temporal e sua integração com outras áreas cerebrais o tornam um verdadeiro elo no nosso organismo.
Danos nessa região podem afetar profundamente a qualidade de vida, mas é possível mantê-la saudável através de práticas simples no dia a dia e, claro, mantendo os exames atualizados.
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