A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a bipolaridade e seus sintomas como uma enfermidade mental grave e complexa, que afeta o humor, o pensamento e o comportamento.
Classificada como um transtorno, a condição causa alterações significativas no funcionamento psicológico, emocional e comportamental da pessoa, afetando a capacidade de viver e se relacionar equilibradamente.
O termo "transtorno" é usado na medicina e na psicologia para indicar um desvio ou disfunção no funcionamento normal da mente e do corpo.
No caso da bipolaridade, se refere a uma alteração no modo como o cérebro regula o humor, a energia e a capacidade de tomar decisões.
Essas alterações não são passageiras nem causadas por eventos do cotidiano, elas fazem parte de um padrão duradouro, recorrente e, muitas vezes, incapacitante se não tratado.
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Saber se uma pessoa é bipolar exige uma avaliação feita por um profissional de saúde mental (como um psiquiatra ou psicólogo).
Isso porque o diagnóstico envolve critérios específicos definidos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
Os primeiros sinais envolvem mudanças bruscas e intensas de humor, que variam entre períodos de euforia (ou irritabilidade) e episódios de tristeza profunda.
Durante a fase de euforia, a pessoa pode apresentar muita energia, falar demais, dormir pouco sem sentir cansaço e tomar decisões impulsivas.
Já na fase depressiva, é comum um desânimo intenso, perda de interesse pelas coisas e cansaço constante. Essas oscilações são mudanças marcantes que afetam o comportamento, o sono, a energia e os relacionamentos.
Na fase de mania ou hipomania, os sintomas são:
Já na fase de depressão, os pacientes costumam apresentar:
Podemos citar o tipo 1 e 2, ciclotímico e induzido. Para que você possa entender como cada um deles funciona, especificamos a seguir!
Se manifesta por ao menos um episódio de mania com duração mínima de sete dias, ou por uma crise tão intensa que requer internação hospitalar.
A pessoa também pode ter episódios de depressão profunda, mas o episódio maníaco é o que define esse tipo.
Durante a mania, o comportamento costuma ser impulsivo, com grande agitação, autoestima inflada, pouca necessidade de sono e risco elevado de atitudes perigosas.
Nesse caso, a pessoa vivencia ao menos um episódio de hipomania, uma manifestação mais branda da mania, acompanhado por um ou mais episódios de depressão grave.
A hipomania não causa prejuízos tão graves quanto a mania do tipo I, mas ainda assim é perceptível e pode afetar relacionamentos e produtividade. A depressão, por outro lado, costuma ser intensa e debilitante.
Envolve oscilações frequentes e crônicas entre sintomas leves de hipomania e sintomas leves de depressão, que duram pelo menos dois anos (um ano em crianças e adolescentes).
Os sintomas não chegam a cumprir os critérios completos para episódios de mania ou depressão, mas ainda causam instabilidade emocional significativa.
Esse tipo ocorre quando as mudanças bruscas de humor são desencadeadas por substâncias (como drogas, medicamentos ou álcool) ou por uma condição médica, como doenças neurológicas ou distúrbios hormonais.
Pessoas com o transtorno podem se irritar facilmente, especialmente durante os episódios de mania ou hipomania, quando estão mais sensíveis, impacientes e com a mente acelerada.
Nesses momentos, interrupções, críticas, cobranças excessivas ou falta de compreensão sobre o que estão sentindo podem gerar muita frustração.
Além disso, a tentativa de controlar seus comportamentos ou minimizar seus sentimentos (“isso é só uma fase” ou “você está exagerando”) costuma ser especialmente irritante.
A instabilidade emocional faz com que até situações comuns do dia a dia sejam percebidas como mais intensas, por isso, empatia e escuta ativa são fundamentais no convívio.
O transtorno bipolar é diagnosticado por um psiquiatra a partir de uma análise clínica minuciosa, que considera os sintomas apresentados, o histórico do paciente e de seus familiares, bem como a frequência, intensidade e duração das oscilações de humor.
Não existe um exame de sangue ou imagem que comprove a condição, por isso o médico se baseia em critérios estabelecidos por manuais como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
É comum que o profissional também converse com familiares ou pessoas próximas para entender melhor os comportamentos da pessoa ao longo do tempo, já que a doença pode ser confundida com outras condições, como depressão unipolar ou TDAH.
O tratamento para transtorno bipolar é multidisciplinar e individualizado, envolvendo principalmente o uso de medicamentos e acompanhamento psicológico. As principais técnicas incluem:
Os estabilizadores de humor são a base do tratamento mental. Eles ajudam a prevenir as oscilações extremas entre mania e depressão, promovendo maior equilíbrio emocional.
O lítio é um dos mais utilizados e eficazes, sendo especialmente indicado para prevenir recaídas e reduzir o risco de suicídio.
Outros medicamentos comuns incluem a lamotrigina, valproato de sódio e a carbamazepina. A dosagem é ajustada com cuidado, e o uso deve ser contínuo, mesmo nos períodos de estabilidade.
A psicoterapia é uma parte essencial do tratamento, complementando o uso de medicamentos.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é a mais indicada, por ajudar o paciente a reconhecer padrões de pensamento distorcidos, identificar gatilhos emocionais e desenvolver estratégias para lidar com o estresse e prevenir recaídas.
Também é útil para promover a adesão ao tratamento, melhorar a autoestima e trabalhar questões emocionais e relacionamentos interpessoais.
Manter consultas frequentes com o psiquiatra é fundamental para ajustar o tratamento conforme a evolução do quadro.
O médico avalia a resposta aos medicamentos, os efeitos colaterais, possíveis interações com outras substâncias e sinais precoces de novas crises.
Esse acompanhamento também ajuda a fortalecer o vínculo terapêutico e proporciona maior segurança ao paciente e à família.
A regularidade na rotina é extremamente importante para pessoas bipolares. Ter horários fixos para dormir, acordar, se alimentar e realizar atividades ajuda a estabilizar o humor e prevenir episódios.
A higiene do sono, como evitar telas antes de dormir, manter um ambiente escuro e silencioso e não usar estimulantes à noite, é uma prática essencial, já que alterações no sono são gatilhos frequentes para crises.
O uso de substâncias psicoativas pode agravar os sintomas da doença mental e interferir na eficácia dos medicamentos.
Álcool, maconha, cocaína e outras drogas podem desencadear episódios maníacos ou depressivos e dificultar o controle da doença.
Por isso, é altamente recomendado que o paciente evite o uso dessas substâncias e, se necessário, receba apoio especializado para lidar com a dependência.
A participação da família no tratamento ajuda a reconhecer sinais precoces de recaída e oferece uma rede de apoio emocional essencial. Isso porque a educação familiar reduz o estigma e melhora a convivência.
Além disso, grupos de apoio com outras pessoas que convivem com o sofrimento mental podem ser uma fonte valiosa de acolhimento, troca de experiências e motivação para manter o tratamento.
O transtorno bipolar não tem cura, mas tem controle eficaz com o tratamento adequado.
Com o uso regular de medicamentos, acompanhamento psiquiátrico, psicoterapia e hábitos de vida saudáveis, muitas pessoas conseguem manter a estabilidade do humor, evitar recaídas e levar uma vida produtiva e equilibrada.
O controle do transtorno é um processo contínuo, que exige autoconhecimento, disciplina e apoio. Mesmo que os sintomas desapareçam por um tempo, é fundamental continuar o tratamento para prevenir novos episódios.
As bulas digitais auxiliam no controle do transtorno bipolar e seus sintomas, ao fornecer informações claras, atualizadas e acessíveis sobre os medicamentos prescritos.
Elas permitem que o paciente consulte detalhes importantes como dosagem correta, horários de uso, possíveis efeitos colaterais e interações com outros remédios ou alimentos, facilitando a adesão ao tratamento.
Ter acesso fácil a essas informações também aumenta a autonomia do paciente e fortalece o diálogo com o médico, promovendo um cuidado mais seguro e eficaz.