GLP-1: como atua no corpo e para que serve

GLP-1 é um hormônio produzido pelo intestino que regula a glicose no sangue e o apetite. Os medicamentos que simulam sua ação auxiliam no tratamento da diabetes tipo 2 e da obesidade, promovendo efeitos em órgãos como coração, fígado e rins.

Por Redação Sara
08/10/2025 Atualizado há 3 horas
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GLP-1: como atua no corpo e para que serve

Nos últimos anos, o GLP-1 tem ganhado destaque nas conversas sobre saúde metabólica e controle de peso. O interesse crescente em torno dessa substância não é à toa: ela está no centro de pesquisas, tratamentos e debates sobre novas formas de cuidar do corpo e prevenir doenças.

Antes conhecido por auxiliar no tratamento de diabetes tipo 2, essas medicações hoje representam um avanço significativo, com efeitos que ultrapassam a perda de peso.

Neste artigo, você entenderá como o hormônio GLP-1 atua no organismo, como funcionam seus agonistas e em quais casos são recomendados. 

Também veremos seus benefícios, riscos, possíveis interações medicamentosas e sinais de alerta que merecem atenção. Continue a leitura!

O que é o GLP-1?

O GLP-1, ou peptídeo-1 semelhante ao glucagon, é um hormônio produzido pelo intestino em resposta à ingestão de alimentos. 

Ele atua regulando os níveis de glicose no sangue, estimulando a produção de insulina quando a glicemia está elevada e diminuindo a liberação de glucagon, que eleva a glicose. 

Além disso, promove sensação de saciedade, retardando o esvaziamento gástrico e auxiliando no controle do apetite. Por essas funções, ele é um alvo importante no tratamento de diabetes tipo 2 e em estratégias de perda de peso, por melhorar o equilíbrio metabólico e reduzir o risco de picos de açúcar no sangue.

Como os agonistas de GLP-1 funcionam?

Os agonistas do GLP-1 ajudam a estabilizar a glicose no sangue. Eles estimulam a produção de insulina quando o açúcar está alto e diminuem o glucagon, hormônio que eleva a glicose.

Além disso, eles retardam o esvaziamento do estômago, atrasando a absorção de nutrientes e mantendo a saciedade por mais tempo. Por esse motivo, são usados no tratamento da obesidade.

A maioria desses fármacos é aplicada por meio de injeção subcutânea em regiões como abdômen, coxa, braço ou nádega. 

Para quem é indicado?

A prescrição dos agonistas do GLP-1 é feita por médicos após avaliação individual. As indicações mais comuns são voltadas a:

  • Pessoas com diabetes tipo 2 que não alcançam a meta de A1C (hemoglobina glicada) apenas com a medicação de cloridrato de metformina
  • Pessoas com contraindicação ao uso de metformina.
  • Indivíduos com A1C acima da meta, mesmo após três meses de intervenção médica.
  • Pacientes com diabetes tipo 2 e enfermidades associadas, como aterosclerose, insuficiência cardíaca ou doença renal crônica.
  • Pessoas com obesidade (IMC a partir de 30).
  • Indivíduos com sobrepeso (IMC entre 25 e 29,9) e patologias relacionadas, quando a perda de peso favorece a gestão dessas condições.

Benefícios dos agonistas de GLP-1

O GLP-1 ajuda a nivelar o açúcar no sangue e colabora para o declínio do peso corporal. Esses dois pontos já são relevantes para quem convive com o diabetes tipo 2, mas a ciência revela que existem outros benefícios.

De acordo com estudo publicado na revista Diabetes Care, esses medicamentos apresentam benefícios significativos não apenas na regulação dos níveis de glicose, mas também na redução do risco cardiovascular e na melhora da função renal em determinados grupos de pacientes.

Outro benefício observado é a melhora na doença hepática gordurosa, condição ligada ao excesso de gordura no fígado que, em muitos casos, caminha junto ao diabetes. O uso dos agonistas colabora para minimizar a inflamação e frear a evolução desse quadro.

Por fim, eles protegem rins e coração. Um estudo publicado na revista Nature Medicine indica menor probabilidade de complicações renais e menor progressão da nefropatia relacionada à resistência à insulina.

GLP-1 e o controle da glicemia

Esse hormônio regula a glicemia ao estimular a insulina, reduzir o glucagon e retardar o esvaziamento do estômago.

Em pessoas com diabetes tipo 2, sua ação é limitada, por isso, foram desenvolvidos análogos que reproduzem essa resposta no organismo. Esses medicamentos melhoram o controle glicêmico e podem contribuir para a perda de peso.

GLP-1 e o emagrecimento

O GLP-1 como Semaglutida e Tirzepatida, promove emagrecimento ao reduzir o apetite, aumentar a saciedade e retardar o esvaziamento gástrico, fazendo a pessoa comer menos sem sentir fome constante. 

Ele também melhora o controle da glicose e regula hormônios ligados ao armazenamento de gordura, favorecendo a perda de peso. Medicamentos que imitam seu efeito potencializam esses mecanismos, permitindo redução de gordura corporal de forma mais consistente, mesmo sem dietas extremamente restritivas.

O papel do GLP-1 na prevenção de doenças cardiovasculares 

Além do controle glicêmico, esses medicamentos atuam em células do coração e vasos sanguíneos, promovendo uma melhora da saúde cardiovascular.

Ensaios clínicos de desfechos cardiovasculares mostraram que esses fármacos diminuem a ocorrência de eventos como infarto, AVC não fatal e morte cardiovascular quando comparados ao placebo. 

O estudo The benefits of GLP1 receptors in cardiovascular diseases explica os efeitos dos agonistas do GLP-1. 

Eles se ligam a receptores em cardiomiócitos e vasos. Essa ação ajuda a reduzir a inflamação, melhora a função endotelial e aumenta a proteção contra complicações relacionadas à resistência insulínica.

No entanto, apesar dos avanços, as enfermidades cardiovasculares continuam entre as principais causas de morte no mundo, notadamente na população diabética.

Efeitos colaterais e contraindicações

Esse medicamento pode causar reações discretas no início da terapia ou quando ingerido em doses altas. Entre os efeitos colaterais, estão:

  • Perda de apetite;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Diarreia.

Outros sintomas possíveis incluem:

  • Tontura;
  • Taquicardia leve;
  • Infecções;
  • Dor de cabeça;
  • Indigestão;
  • Coceira leve ou vermelhidão no local da injeção.

Esses remédios não são recomendados para todos. Eles são contraindicados em casos de pancreatite, problemas na vesícula biliar, câncer medular de tireoide e feocromocitoma. 

Também devem ser evitados por indivíduos com histórico pessoal ou familiar de Síndrome de Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 2 (MEN 2), além de pacientes com diabetes tipo 1. O acompanhamento médico permite identificar qualquer complicação precocemente.

Interações medicamentosas

Quando usados junto à insulina ou sulfonilureias, os agonistas do GLP-1 elevam as chances de episódios de hipoglicemia.

Como esses remédios interferem no esvaziamento do estômago, a absorção de outros fármacos orais pode ser alterada. Então, é importante ajustar doses e horários em pacientes que utilizam diferentes classes de medicamentos. 

Sinais de alerta durante o uso de agonistas de GLP-1

Alguns sintomas exigem atenção imediata durante o uso desses remédios. Entre os principais, estão:

  • Dor abdominal intensa;
  • Vômitos persistentes;
  • Diarreia severa;
  • Pele ou olhos amarelados;
  • Dificuldade para liberar gases ou evacuar;
  • Alterações súbitas na visão.

Esses sinais podem sugerir agravamentos, como pancreatite, obstrução intestinal ou problemas que afetam os nervos ópticos. Nesses casos, você deve buscar orientação médica. 

Os agonistas do GLP-1 evidenciam como a ciência pode simplificar o manejo de doenças complexas.

No entanto, é preciso lembrar que esses remédios são mais eficazes quando combinados a hábitos saudáveis, como alimentação equilibrada e atividade física.  

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Referências:

Endocrinology Advisor. GLP-1 Agonists. Disponível em:
https://www.endocrinologyadvisor.com/ddi/glp-1-agonists/ 

FERHATBEGOVIĆ, Lamija; MRŠIĆ, Denis; MACIĆ-DŽANKOVIĆ, Amra. The benefits of GLP1 receptors in cardiovascular diseases. Frontiers in Clinical Diabetes and Healthcare, v. 4, p. 1293926, 2023. DOI: 10.3389/fcdhc.2023.1293926. Disponível em:
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC10739421/ 

AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Efficacy and Safety of GLP-1 Medicines for Type 2 Diabetes. Diabetes Care, v. 47, n. 11, p. 1873–1883, nov. 2024. DOI: 10.2337/dci24-0003. Disponível em:
https://diabetesjournals.org/care/article/47/11/1873/156807/Efficacy-and-Safety-of-GLP-1-Medicines-for-Type-2