Aprenda os sinais do estresse pós-traumático (TEPT) e suas formas de cuidado
O transtorno de estresse pós-traumático é um distúrbio psicológico que surge após a vivência ou observação de um evento extremamente traumático.

Embora muitas pessoas enfrentem situações desafiadoras ao longo da vida, nem todas desenvolvem estresse pós-traumático.
O que diferencia o transtorno é a intensidade do impacto que o trauma deixa sobre a mente e o corpo, alterando a forma como o indivíduo interpreta o mundo ao redor e reage a estímulos do cotidiano.
Ao falar de transtorno de estresse pós-traumático, é importante que você saiba que essa condição pode afetar pessoas de todas as idades e contextos. O acesso a apoio psicológico, ao diagnóstico adequado e a um tratamento para TEPT estruturado oferece às pessoas a possibilidade de reconstruir a confiança em si mesmas e retomar o equilíbrio da vida diária.
O que é estresse pós-traumático (TEPT)?
O estresse pós-traumático acontece quando o cérebro envia sinais de perigo mesmo na ausência de ameaças reais, mantendo o corpo em constante estado de alerta e tensão.
Essa condição faz parte dos transtornos de saúde mental e se manifesta após a vivência ou exposição a experiências traumáticas. Nesses casos, a resposta do organismo é tão intensa que, mesmo quando o evento já passou, sua mente continua em alerta, dificultando a sensação de segurança.
A intensidade também varia: enquanto algumas pessoas enfrentam sinais leves e transitórios, outras vivenciam manifestações graves e persistentes, que afetam diretamente a qualidade de vida.
Como o TEPT afeta o cérebro?
O transtorno de estresse pós-traumático altera estruturas cerebrais ligadas ao processamento de emoções e memórias, como a amígdala, o hipocampo e o córtex pré-frontal. Essas regiões passam a responder de forma desregulada, intensificando o medo e dificultando a distinção entre ameaça real e lembrança do trauma.
Quando isso acontece, o cérebro mantém o corpo em constante estado de alerta. É por isso que sintomas como cansaço extremo, insônia e irritabilidade são tão comuns em quem convive com o TEPT.
As memórias traumáticas também se tornam mais vívidas e invasivas, já que o sistema de regulação emocional perde parte de sua capacidade de “desligar” os sinais de perigo.
Sintomas do TEPT
No caso do estresse pós-traumático, os sintomas se dividem em 4 classes:
- Sintomas de re-experimentação;
- Sintomas de evitação;
- Sintomas de alterações no pensamento e no humor;
- Sintomas de hiperexcitação.
Na re-experimentação, os flashbacks em que se revivem o evento traumático, pesadelos recorrentes, angústia e reações físicas a lembranças do trauma são alguns sinais dessa categoria. O corpo pode reagir com sudorese, aceleração dos batimentos cardíacos e sensação de alerta constante, como se o perigo estivesse presente novamente.
Já na evitação, como o próprio nome diz, a pessoa tende a evitar pensar ou falar sobre o evento traumático, evitar lugares, atividades ou pessoas que lembram o evento traumático. A tentativa de afastar as memórias dolorosas acaba limitando o convívio social, a participação em atividades antes prazerosas e até o desempenho profissional. Com o tempo, a evitação pode gerar isolamento e reforçar o ciclo de medo e ansiedade, tornando o tratamento mais desafiador.
Sintomas de alterações no pensamento e no humor negativos podem gerar um sentimento de distanciamento ou estranhamento de familiares e amigos, pensamentos negativos sobre si mesmo ou o mundo e dificuldade em manter relações íntimas.
No caso da hiperexcitação, a pessoa se encontra em um estado de vigilância contínua, apresentando irritabilidade, dificuldade para dormir, problemas de concentração e respostas exageradas a estímulos cotidianos, como ruídos ou movimentos repentinos. O alerta constante desgasta o organismo e aumenta o risco de outros problemas de saúde mental, como ansiedade generalizada e depressão.
Por conta dessas características dos sintomas, o diagnóstico do transtorno de estresse pós-traumático se baseia justamente na combinação as manifestações, veja em detalhes:
Diagnóstico e importância da avaliação profissional
O diagnóstico do TEPT é clínico e depende de uma escuta atenta e criteriosa feita por profissionais especializados em saúde mental.
Em caso de suspeitas, o psiquiatra ou psicólogo avalia a história de vida, a descrição dos sintomas e a forma como eles impactam a rotina. Quanto antes a avaliação for feita, mais cedo o profissional pode intervir e evitar que os sintomas se agravem, aumentando as chances de recuperação.
Tratamentos disponíveis
O tratamento para TEPT deve ser adaptado às necessidades de cada paciente. Podem ser realizadas psicoterapias, uso de medicamentos e estratégias de cuidado alternativo.
No tratamento com psicoterapias, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), o psicólogo irá trabalhar na reestruturação de pensamentos disfuncionais e na dessensibilização diante de memórias traumáticas.
Se o médico identificar a necessidade de tratamento com remédios, o uso de medicamentos para ansiedade e depressão pode ser indicado. Fármacos como a sertralina, paroxetina e fluoxetina — todos antidepressivos — auxiliam no controle dos sintomas mais intensos, enquanto ansiolíticos podem ser prescritos em situações específicas.
Outras abordagens, como grupos de apoio psicológico, terapias complementares (meditação, acupuntura, mindfulness) e cuidados com a rotina, incluindo sono adequado e prática regular de atividade física, também exercem papel importante.
O que causa o estresse pós-traumático?
A causa do estresse pós-traumático tem a ver com a vivência ou testemunho de situações que representaram ameaça real à vida, à integridade física ou emocional.
O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) pode se manifestar em diferentes situações de vida, e os gatilhos costumam variar de acordo com a experiência traumática vivida.
Situações como acidentes graves, agressões, catástrofes naturais, experiências de guerra e episódios de violência urbana ou doméstica estão entre os eventos mais frequentemente associados ao transtorno.
Conheça mais sobre os principais contextos que podem causar o TEPT:
Veteranos de guerra
Entre veteranos de guerra, o TEPT é uma condição conhecida, já que o contato direto com situações de combate, risco iminente de morte e perdas significativas de colegas expõe esses indivíduos a traumas de intensidade elevada.
Os flashbacks, a hipervigilância e os distúrbios do sono são sintomas que frequentemente se tornam crônicos, impactando não apenas o soldado, mas também sua família e comunidade.
Sobreviventes de violência doméstica
No caso de sobreviventes de violência doméstica, o trauma psicológico assume contornos particulares, já que ocorre em um ambiente que deveria oferecer segurança.
Além de retirar a pessoa da situação de risco, o apoio psicológico contínuo, aliado a medidas de proteção e fortalecimento da rede de apoio, é o melhor caminho para interromper o ciclo de violência e possibilitar a recuperação.
Pessoas que passaram por desastres naturais ou acidentes graves
Quem enfrenta desastres naturais ou acidentes graves também apresenta risco elevado para o transtorno de estresse pós-traumático.
Nessas situações, a perda súbita de entes queridos, bens materiais e a sensação de impotência diante da catástrofe contribuem para a instalação do quadro.
O acompanhamento imediato por equipes de saúde mental, além da reconstrução das condições básicas de vida, favorece a diminuição da intensidade dos sintomas pós-trauma e amplia as chances de recuperação.
Impacto do TEPT na vida diária
Viver com TEPT significa enfrentar uma rotina marcada por desafios que ultrapassam o campo emocional.
As reações de hipervigilância, a presença de flashbacks e a tendência à evitação podem comprometer o desempenho no trabalho, a vida acadêmica e as relações interpessoais. Esse desgaste constante interfere diretamente na qualidade de vida e pode levar ao isolamento social.
O transtorno também impacta a saúde física. Distúrbios do sono, aumento da pressão arterial, dores crônicas e alterações gastrointestinais são manifestações comuns em pessoas que convivem com o estresse pós-traumático. Isso ocorre porque o corpo permanece em estado de alerta, liberando hormônios relacionados ao estresse de forma contínua, o que desgasta o organismo.
Apesar das dificuldades, o tratamento adequado oferece melhora significativa. O acesso à terapia cognitivo-comportamental, ao uso correto de medicamentos para ansiedade e depressão, e ao apoio psicológico contínuo possibilita que o indivíduo recupere sua autonomia e retome atividades essenciais para o bem-estar.
O estresse pós-traumático é uma condição complexa que envolve fatores emocionais, cognitivos e físicos, demandando atenção integral e tratamento estruturado. Intervenções como a terapia cognitivo-comportamental, o uso de medicamentos para ansiedade e depressão e o fortalecimento do apoio psicológico oferecem resultados consistentes.
Seu processo de recuperação do estresse pós-traumático envolve não apenas o paciente, mas também familiares, amigos e profissionais de saúde que contribuem com suporte contínuo. Essa também é a missão da Sara – aqui você encontra conteúdo confiável para te apoiar no cuidado com a sua saúde, além das bulas digitais e audiobulas, informações de recall e muito mais.