Amplamente utilizado e conhecido por sua eficácia no tratamento do diabetes tipo 2 e obesidade, o Ozempic, que tem como base a semaglutida, possui diversos benefícios.
Porém, como todo medicamento, seus efeitos colaterais podem ser observados nas primeiras semanas de tratamento ou aumento da dosagem. Apesar de comuns e passageiros, podem ser incômodos em alguns casos, uma vez que incidem principalmente no funcionamento gastrointestinal.
A boa notícia é que há como minimizar os efeitos do ozempic a partir de diversas estratégias que consideram seu modo de funcionamento, o que evitar e como ter um tratamento mais confortável possível. Confira a seguir.
O Ozempic, nome fantasia do medicamento a base de semaglutida, é um agonista do receptor GLP-1, um hormônio intestinal que regula a açúcar, fome e outras funções do corpo. Isso significa que ele imita sua ação, regulando os níveis de açúcar no sangue e, ainda, promovendo maior saciedade.
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Ao atuar no retardamento gástrico e na forma como os alimentos são metabolizados, pode trazer alguns efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarréia e constipação.
Esses efeitos tendem a desaparecer após as duas primeiras semanas de uso. Mas, como o tratamento costuma ser escalonado (com doses progressivas), é importante definir estratégias para mitigar possíveis desconfortos.
Como mencionado, os efeitos colaterais mais comuns desse medicamento são àqueles relacionados ao trato gastrointestinal. Em primeiro lugar, sem dúvidas, está o enjôo ou náuseas, que podem ser leves ou moderadas.
Na sequência, foram observados também efeitos como diarréia, vômitos ou constipação, sobretudo quando o medicamento está em sua dose máxima.
A perda do apetite também é um efeito colateral principal. Mesmo em tratamentos para obesidade, esta deve ser observada de perto, pois o consumo equilibrado de nutrientes deve ser mantido junto a uma dieta de déficit calórico.
Efeitos menos comuns, mas que também podem ocorrer, incluem: dores de cabeça, gases, inchaço abdominal e fadiga (principalmente devido ao baixo excesso de calorias).
Na literatura científica, como no artigo recente publicado pela revista Jama, pesquisadores apontam que alguns efeitos raros foram observados, sendo estes ligados principalmente a alterações no funcionamento do pâncreas e surgimento de pedras na vesícula.
Entre as estratégias para mitigar os efeitos colaterais da semaglutida, a elaboração de um cardápio menos gorduroso e mais composto por fibras e proteínas se destaca.
Por seu poder de retardar o esvaziamento gástrico, o remédio pode causar náuseas, enjoos e vômito se for consumido junto de alimentos ricos em gorduras - como frituras e embutidos, por exemplo. O mesmo vale para alimentos ricos em açúcares e industrializados, como biscoitos, doces e sorvetes.
Isso porque tendem a ter uma digestão naturalmente mais lenta, além de serem pobres em fibras. Estas, aliás, são grandes aliadas: por auxiliarem na formação do bolo fecal, contribuem para manter o funcionamento regular do intestino, mesmo sob uso do medicamento.
Dessa forma, os ajustes na alimentação devem incluir:
A partir de um cardápio mais rico nutricionalmente, o paciente terá um alívio dos sintomas, além de potencializar os efeitos emagrecedores do medicamento, aumentando sua potência terapêutica.
Caso a náusea e vômito persista, mesmo com ajuste da alimentação, na fase de introdução da medicação ou escalonamento, é possível traçar algumas estratégias para contornar esse desconforto.
A primeira delas é buscar ajuda médica, junto ao especialista que prescreveu o fármaco. Isso porque a automedicação pode piorar os efeitos ou esconder a necessidade de uma reavaliação. Antes de tomar qualquer medicamento para enjôo ou náuseas, busque orientação.
A partir disso, busque pelo uso de fármacos como Vonau, logo após a aplicação da dose e quando surgirem os efeitos.
Opte também por consumir bebidas leves como chás de hortelã e camomila, dar pequenas caminhadas após as refeições, evitar o consumo de alimentos antes de dormir e manter a consistência da mastigação, para ajudar na quebra dos alimentos.
O cheiro dos alimentos é um grande gatilho de náuseas, por isso, tente cozinhar os alimentos de forma mais simples, sem fritura, por exemplo.
Uma dica interessante é fazer as aplicações em um momento do dia em que seja possível observar os efeitos imediatos, como durante a manhã. Assim, deve-se buscar ajuste da dose ou mesmo outras opções de medicamentos desta categoria caso os incômodos persistam.
Os mesmos princípios se aplicam à constipação e diarreia. Porém, nesse caso, deve-se ter ainda mais atenção: ambas podem evoluir para quadros mais graves se durarem por muito tempo.
A diarreia se caracteriza pela evacuação líquida e irregular, logo após as refeições, com ou sem cólicas. Existem medicamentos indicados para controle, porém, devem ser indicados pelo médico.
Isso porque a diarreia pode levar à desidratação, o que é um risco bem severo no uso dessas medicações. O mesmo vale para a constipação, que consiste na suspensão por horas ou dias da evacuação.
Isso ocorre devido ao baixo consumo de alimentos e na mudança do funcionamento gástrico e deve ser monitorado de perto: a frequência das evacuações não deve mudar drasticamente e, se isso acontecer, é preciso procurar um médico imediatamente.
Conforme mencionado, os efeitos mais comuns dos agonistas do GLP-1 levam à desidratação, condição que pode exigir atenção e cuidados mais intensos. Por isso, os pacientes devem prezar ao máximo por manterem-se hidratados, tanto com água, quanto com outras bebidas que podem ser aliadas. Algumas delas são:
Em nenhum contexto deve-se optar por refrigerantes ou álcool como vias de hidratação. Lembre-se: a ingestão correta dos alimentos pode evitar o prolongamento dos sintomas.
O momento de buscar ajuda médica começa quando os colaterais se tornam prolongados. Tanto os mais comuns, que levam à desidratação e fadiga, quanto os mais raros, como quadros de hipoglicemia.
Neste caso, o indicado é buscar uma emergência para tratamento adequado, comunicando ao profissional sobre o uso do medicamento, laboratório, dosagem e método de aplicação.
Fique atento também a outros sinais que não tem conexão direta com o trato intestinal, como dores no corpo, inchaço no local de aplicação ou icterícias na pele.
É importante destacar que na maioria dos casos o uso da medicação é seguro. Não há comprovações científicas que sustentem colaterais graves, como indicado em uma revisão sistemática publicada na revista International Journal of Molecular Sciences.
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A seguir, reunimos 5 dicas práticas para o dia a dia com o remédio, focando em aumento do bem-estar e qualidade de vida:
Apesar da bula não indicar um dia ou horário específico para uso, é importante que a frequência semanal (ou conforme indicada pelo médico) seja respeitada.
Isso evita que a substância tenha picos ou perca o efeito, o que pode levar a um novo quadro de adaptação e colaterais.
Para contornar o enjôo e a fadiga, uma tática pode ser porcionar pequenas quantidades de alimentos estratégicos, como proteínas, frutas e carboidratos de qualidade.
O café tem um forte poder estimulante e pode favorecer quadros como gastrite. Não substitua refeições pelo seu consumo e, se possível, evite consumi-lo mais de 2x ao dia.
Já o álcool deve ser totalmente evitado, por potencializar os efeitos colaterais e ainda diminuir a eficácia do medicamento, uma vez que é rico em calorias e glicose.
A diminuição do apetite, principalmente no começo, pode vir acompanhada da diminuição da sede. Por isso, mantenha fontes de hidratação por perto, como garrafas, e sempre consuma água.
Uma rotina de exercícios físicos ajuda na manutenção da massa muscular, disposição e força. Busque adaptar sua rotina de treinos conforme a nova realidade e mantenha a constância.
Neste conteúdo, você viu tudo sobre como minimizar os efeitos do Ozempic, com dicas práticas para o dia a dia.
Para ter ainda mais qualidade no tratamento, reveja também o consumo das informações: busque fontes confiáveis, como as bulas digitais Sara, seu bulário digital descomplicado e completo sobre este e outros medicamentos.
FEIER, Catalin Vladut Ionut et al. Assessment of thyroid carcinogenic risk and safety profile of GLP1-RA semaglutide (ozempic) therapy for diabetes mellitus and obesity: a systematic literature review. International Journal of Molecular Sciences, v. 25, n. 8, p. 4346, 2024.
RUDER, Kate. As semaglutide’s popularity soars, rare but serious adverse effects are emerging. Jama, v. 330, n. 22, p. 2140-2142, 2023.